Instituído em 1972 para conscientizar a população global sobre a relevância da preservação dos recursos naturais para a sobrevivência dos ecossistemas do planeta, comemoramos no dia 05 de junho, o Dia Mundial do Meio Ambiente.
Desde a sua fundação, a cada ano, a data possui uma temática diferente, com o objetivo de chamar a atenção para diversos aspectos relacionados à natureza. Em 2023, o foco estará nas soluções para a poluição plástica, um mal frequente que está afetando todas as comunidades, a nível global, em boa parte, pelos hábitos inadequados de descarte de resíduos, seja no solo ou nas águas.
Por que a poluição plástica é uma ameaça crescente em todos os ecossistemas?
Nos últimos 70 anos, o plástico vem sendo um material cada vez mais utilizado por diferentes indústrias de todo o mundo. Apesar de trazer facilidades, como o armazenamento adequado de alimentos e a fabricação dos mais diversos produtos, há também um lado negativo nesse cenário, como as embalagens de uso único e descartáveis, que contribuem consideravelmente com a poluição em todos os ecossistemas, incluindo lagos, rios, ambientes costeiros, solo e o mar.
A grande ameaça é que esse material não é biodegradável. Na verdade, ele acaba se decompondo ao longo do tempo em pedaços cada vez menores chamados de microplásticos e nanoplásticos, com menos de cinco milímetros de diâmetro. Divididos em duas categorias: primários e secundários, eles podem ter inúmeros impactos adversos, além de tornar ainda mais difícil a sua retirada do meio ambiente.
Microplásticos primários são partículas minúsculas diluídas em resíduos sólidos e líquidos, como cosméticos, microfibras retiradas de roupas como nylon, redes de pesca, tintas utilizadas em marcação de rua e equipamentos marítimos. Já microplásticos de origem secundária são aqueles que se originam a partir da quebra de itens de plástico maiores, como garrafas de água, brinquedos, etc.
Considerando estes e todos os outros tipos de itens plásticos, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), divulgou alguns dados que ressaltam a nossa realidade, além de prever alguns cenários caso a poluição não seja reduzida consideravelmente. Veja:
Em outras palavras, esses números significam que, sem uma ação urgente, entre 23 e 37 milhões de toneladas de plástico irão para os oceanos anualmente até 2040, o que equivale a 50 quilos por metro de costa em todo o mundo.
Atualmente, os resíduos plásticos já são considerados a fração maior, mais prejudicial e persistente do lixo marinho, representando pelo menos 85% do total. Esse lixo é encontrado em volumes crescentes em correntes oceânicas, ilhas remotas e gelo marinho, por exemplo. Ou seja, mais do que afetar a vida marinha, o plástico traz um alto potencial de danos ao habitat natural das espécies.
O impacto da poluição plástica na vida marinha e na emissão de gases de efeito estufa
Há décadas que a poluição plástica nos oceanos é fonte de preocupação para população e órgãos ambientais. Um dos exemplos mais conhecidos é a chamada "ilha de plástico" localizada no Oceano Pacífico entre o Havaí e a Califórnia. Com mais de 1,6 milhões de quilômetros quadrados, maior do que o estado do Amazonas, e 79 milhões de toneladas, essa larga massa de plástico se tornou um desafio difícil de ser superado.
Isso porque a maior parte do plástico que compõe a "Grande Mancha de Lixo do Pacífico" são microplásticos misturados a objetos maiores como redes de pesca e todos os tipos de produtos jogados no oceano. No entanto, esses materiais não ficam apenas na superfície. Oceanógrafos e ecologistas descobriram que cerca de 70% dos detritos marinhos afundam no fundo do oceano, afetando tanto a alimentação de animais marinhos quanto a sobrevivência de corais.
Além das águas, a poluição plástica ainda se respalda em um problema climático. A começar porque, grande parte dos itens plásticos (98%) são produzidos a partir do petróleo, um combustível fóssil. Portanto, quanto mais produzimos, mais combustível fóssil é necessário. Assim, se intensifica a crise climática em um processo contínuo, já que os produtos criam emissões de gases de efeito estufa durante todo o seu ciclo de vida.
Nos últimos anos, também há uma crescente urgência em proteger os mares para enfrentar as mudanças climáticas. Isso porque eles são o maior sumidouro de carbono do planeta, armazenando até 90% do calor adicional que as emissões presas na atmosfera, bem como um terço do dióxido de carbono adicional gerado desde a Revolução Industrial.
Desse modo, há a “falsa” perspectiva de redução dos impactos visíveis do superaquecimento do planeta Terra. Mas em contrapartida, existe uma aceleração dos efeitos catastróficos abaixo da superfície da água. Ou seja, um oceano em aquecimento, acidificação e quimicamente desequilibrado.
Esses são apenas alguns exemplos do prejuízo que pode ser causado pela poluição plástica, o que tende a aumentar, e muito, caso não sejam encontradas - e realizadas - soluções para o problema.
Da poluição à solução: como podemos reverter o cenário de poluição plástica no mundo
Você já pensou o quanto este material está presente na sua rotina sem que você nem perceba?
Atualmente, são 400 milhões de toneladas de resíduos plásticos produzidos todos os anos. E, se as tendências históricas continuarem, a produção global de plástico primário deverá atingir 1.100 milhões de toneladas até 2050.
Destes totais, cerca de 85% ainda acabarão em aterros sanitários ou como lixo não regulamentado. Normalmente são produtos, como:
Tereftalato de polietileno (PET) |
Polietileno de alta densidade (PEAD) |
Polietileno de baixa densidade (LDPE) |
Polipropileno (PP) |
Poliestireno (PS) |
Poliestireno expandido (EPS) |
Mas não são apenas os itens plásticos que vemos, como os que foram citados acima, que prejudicam o meio ambiente. Também existem os contaminantes emergentes, um tipo de resíduo que pode conter desde hormônios sintéticos, até bactericidas, inseticidas, e os já mencionados, microplásticos.
Nesta última categoria, entram produtos diversos que são reduzidos a pequenas partículas, mas ainda apresentam grande potencial poluidor. Alguns exemplos de materiais caracterizados como microplásticos que são comumente considerados como contaminantes emergentes envolvem:
Tecidos sintéticos |
Poliéster |
Pneus de carro |
Nailon |
Revestimentos marítimos |
Poliéster |
Fato é que, independentemente de ser visto ou não, o plástico está tomando grandes proporções na natureza, cabendo tanto à sociedade quanto às empresas tomarem medidas para reverter esse quadro.
À sociedade, cabe primeiramente adotar ações individuais, como a compra de forma sustentável (levando sacolas reutilizáveis ao mercado, optando por não levar sacolas de lojas, etc), mas além disso, a atenção deve ser redobrada no momento do descarte, optando pela melhor alternativa de destinação.
Já nas indústrias, as ações devem ser pensadas tanto para os resíduos sólidos, como também para os microplásticos que podem estar presentes em seus efluentes e/ou águas residuais.
Para os materiais sólidos, cabe a elas minimizar a produção de embalagens ou produtos de plástico desnecessários, e, sobretudo, inovar seus modelos de negócios adotando métodos de produção mais sustentáveis, além de assegurar um descarte adequado para frascos e outras embalagens comuns no dia a dia.
Já no caso da destinação dos microplásticos, organizações de qualquer segmento também podem manter a mesma conscientização, visto que há soluções capazes de reduzir o lançamento de contaminantes emergentes ao meio ambiente, como o tratamento de efluentes.
Atualmente, ainda não há legislações voltadas para esses poluentes. Porém, diversas técnicas de tratamento podem evitar seu efeito negativo - e uma delas é a osmose reversa.
A alternativa entra como um processo terciário, sendo uma espécie de filtração que utiliza membranas com pequenos poros para passar a água pura e rejeitar as moléculas. Essa filtração ocorre com a presença de membranas semipermeáveis com pequenos poros que garantem que as partículas menores sejam retidas, como os microplásticos.
Fato é que, atualmente, temos inúmeras opções para frear a poluição plástica no planeta. É necessário apenas um comprometimento de todos para vermos mudanças que vão resultar em um mundo mais sustentável.
Sobre a data
O Dia Mundial do Meio Ambiente é celebrado anualmente e tem como objetivo promover a conscientização sobre os problemas ambientais em âmbito global, bem como indicar as ações que visem a preservação da natureza, de modo a sensibilizar a população, os governos e as empresas nessa causa.