Dia mundial da água: o impacto das mudanças climáticas nos recursos hídricos

Tratamento de Efluentes Dia Mundial da água Recursos hídricos

19 de Março de 2024

Não é de hoje que estamos vendo o nosso planeta bater recordes de aquecimento, mas preocupantemente, os últimos tempos têm superado os recordes mundiais.

Segundo dados do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), divulgados no portal O Globo, 2023 foi o ano mais quente já visto em toda a história, com 50% dos dias atingindo 1,5 °C acima dos níveis observados entre 1850-1900. As tendências ainda apontavam que 2024 não seria diferente e, de fato, não foi. O primeiro mês do ano já ficou registrado como o janeiro das mais altas temperaturas na Terra. Além disso, também foi o oitavo período seguido de recorde de calor para cada mês específico do ano.

Acima dos termômetros, esses números representam uma ameaça para o futuro das próximas gerações, afinal, as variações no clima trazem impactos para os seres humanos e para todas as outras formas de vida do planeta, já que o desequilíbrio climático ainda afeta o ciclo hidrológico e a disponibilidade de recursos em todas as regiões do país.

Justamente pela necessidade de adotarmos medidas urgentes que mitiguem esses riscos, o assunto é pauta para as discussões e ações em torno do dia mundial da água neste ano. Objetivando ressaltar a interdependência entre a água e o clima, além de também mostrar como as mudanças climáticas podem afetar o ciclo hídrico, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), estabeleceu a temática "A água nos une, o clima nos move".

Dia Mundial da Água: como as mudanças climáticas impactam os recursos hídricos?

O aumento da demanda de água decorrente das atividades industriais, agroindustriais e da expansão demográfica, naturalmente gera uma crescente preocupação para a gestão hídrica. Mas, como observado, as mudanças climáticas também estão elevando a complexidade do assunto, já que as incertezas nas temperaturas trazem impactos mais evidentes na disponibilidade e distribuição do recurso, tornando primordial uma abordagem adaptativa e proativa dos governos, das indústrias e da sociedade como um todo.

Isso acontece porque a oferta quanto a demanda de água torna-se inconstante diante as variações do clima, e essas flutuações ainda levam a(o):

  • 1. Derretimento de geleiras:

    o aumento das temperaturas está causando o derretimento acelerado de geleiras e calotas polares. Esse derretimento contribui para o aumento do nível do mar e pode afetar o suprimento de água doce em áreas costeiras.
  • 2. Padrões de precipitação:

    as mudanças climáticas também alteram os padrões de precipitação, resultando em períodos de seca prolongada em algumas áreas e chuvas intensas em outras, afetando a disponibilidade de água nos rios, lagos e aquíferos.
  • 3. Alterações na qualidade do recurso:

    as variações na temperatura da água e nos padrões de precipitação podem afetar a sua qualidade, tornando-a mais propensa à contaminação por nutrientes, produtos químicos e poluentes, o que pode comprometer a segurança hídrica e a saúde pública.
  • 4. Escassez:

    em muitas regiões, as mudanças climáticas estão exacerbando a escassez de água, com períodos mais longos e intensos de seca que afetam a agricultura, a indústria e até o abastecimento para as próprias comunidades locais.
  • 5. Impacto nos ecossistemas aquáticos:

    consequentemente, as variações nas condições hídricas afetam os ecossistemas aquáticos, incluindo rios, lagos, pântanos e oceanos, levando à perda de habitat, extinção de espécies e alterações na biodiversidade.
  • 6. Riscos de eventos extremos:

    por fim, as mudanças climáticas estão aumentando a frequência e a intensidade de eventos climáticos extremos, como tempestades, furacões e inundações. Esses eventos podem causar danos significativos à infraestrutura hídrica, além de aumentar os riscos de inundações e deslizamentos de terra.

O colapso climático pode gerar impactos não só na disponibilidade de água para uso humano, agrícola e industrial; mas também nas faces econômicas, sociais e naturais, com efeitos profundos sobre as comunidades locais, a biodiversidade e a extinção de espécies importantes para o equilíbrio do nosso ecossistema.

Abordagem “top-down”: uma saída para monitorar as mudanças climáticas 

Visando nortear as discussões do Dia Mundial da Água, bem como impedir o avanço das consequências climáticas sobre o ciclo hídrico, a ANA lançou o estudo Impacto da Mudança Climática nos Recursos Hídricos do Brasil, que serve como um instrumento fundamental para orientar a tomada de decisões e o processo de adaptação brasileiro frente a esse momento.

No levantamento, a própria entidade já aborda algumas iniciativas que podem mudar a realidade atual e embasar as decisões futuras, destacando uma abordagem "top-down", que envolve uma melhoria na resolução espacial das projeções através do “downscaling” - procedimento estatístico para adaptar a baixa resolução dos cenários de mudanças climáticas globais fornecidas pelos MCGs para escala regional ou local.

Abordagem “top-down” utilizada no estudo “Impacto da Mudança Climática na Disponibilidade Hídrica”

Abordagem “top-down” utilizada no estudo “Impacto da Mudança Climática na Disponibilidade Hídrica”

Toda a composição da estratégia “top-down” se resume a construir um método útil para entender o funcionamento de hierarquia de uma determinada área. A partir daí, são analisados os componentes principais e as relações com os respectivos subsistemas.

Aplicada ao cenário ambiental, a metodologia serve para auxiliar na previsão de cenários futuros através da escolha do tipo adequado de modelagem hidrológica, levando em consideração diversos fatores, como a escala do problema, disponibilidade de informações, conhecimento técnico da equipe e requisitos computacionais. 

No estudo da ANA, em específico, a opção escolhida foi a modelagem baseada na hipótese de Budyko, que abrangeu a análise de uma grande quantidade de dados climáticos, incluindo informações sobre o clima atual e projeções para o futuro. A partir desses números, foram gerados cenários futuros de disponibilidade de água para cada um dos mais de 450 mil trechos da Base Hidrográfica Ottocodificada (BHO) da ANA. 

Essa análise vislumbrou 3 horizontes temporais (2015 a 2040, 2041 a 2070 e 2071 a 2100) e, dentre suas conclusões, mostrou que podemos esperar um aumento geral da evapotranspiração (perda de água do solo), com aumentos mais pronunciados na região Amazônica, Paraguai e São Francisco e menos pronunciados nas regiões hidrográficas Uruguai e Atlântico Sul, localizadas na região Sul do Brasil.

Como as indústrias podem contribuir para a mitigação dos impactos das mudanças climáticas nos recursos hídricos

O objetivo da abordagem "top-down" não é gerar alarde, mas permitir que adotemos ações robustas o suficiente para lidar com os diferentes futuros hidroclimáticos plausíveis que podem ocorrer no Brasil.  

Mesmo que ainda não saibamos exatamente as mudanças climáticas afetarão os recursos hídricos, nesse momento vale sermos flexíveis para nos ajustarmos a diferentes cenários, ao qual as estratégias de adaptação tem se discutido bastante recentemente.

Conforme definido pela própria Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), essas adaptações envolvem ajustes em sistemas naturais e humanos para enfrentar os estímulos climáticos e seus efeitos, visando moderar danos, explorar oportunidades favoráveis e reduzir a vulnerabilidade frente aos impactos presentes e esperados da mudança do clima. 

Nessa perspectiva, buscar formas de melhorar a eficiência hídrica na irrigação, reduzir perdas nas redes de abastecimento de água, aprimorar a política nacional de recursos hídricos e fortalecer a governança dos órgãos gestores, como indicado pela Agência Nacional de Águas (ANA), são medidas de adaptação que vão nos beneficiar em qualquer cenário.

O setor industrial ainda pode dar um passo maior, adotando o reúso de água propiciado pelo tratamento de efluentes em suas operações. Com os avanços nas tecnologias para essa atividade, mediante a instalação de um sistema de reúso, a água passa por um processo de filtração e ultrafiltração com tratamento especializado, alcançando parâmetros de qualidade estabelecidos pela legislação brasileira, que torna o recurso útil para fins menos nobres.

Dessa forma, além de reutilizar o recurso em processos internos, as empresas reduzem o consumo de água nobre, atuando como um agente de proteção do meio ambiente, já que esta é uma forma da empresa atestar a sua preocupação com o planeta e de mostrar que contribui diretamente com os interesses da comunidade na qual está inserida.

Sobretudo, não só as empresas, mas também a sociedade em geral e os governantes globais devem entender e incentivar o uso consciente da água. Essa conscientização será fundamental para evitar a falta do recurso e se adaptar às mudanças climáticas, atendendo conscientemente às necessidades do presente e garantindo o abastecimento para as populações que virão.

Esse é um dever de todos e, por isso, o Grupo Opersan, que tem como compromisso a missão preservar a água e a vida, criou um vídeo alusivo à data, reforçando pontos importantes de reflexão e mostrando como todos são agentes importantes para um futuro hídrico sustentável. Acesse-o abaixo:
 

COMENTÁRIOS

Resultado da busca