O conceito ESG (Environmental, Social and Governance) ganhou um espaço enorme nas empresas e tem se ouvido falar muito dele no ambiente corporativo, afinal, essas métricas vieram para guiar um desenvolvimento focado em sustentabilidade, trazendo muitos benefícios às organizações que o adotam.
Para se ter ideia do impacto dessas diretrizes no futuro do mercado, a Amcham realizou uma pesquisa com 178 líderes, sendo a maioria c-levels ou gestores executivos, a fim de entender as tendências sustentáveis que estarão presentes nas organizações.
Os dados mostram que 37% dos negócios já têm planejamento ativo para aplicar a sustentabilidade em suas operações, mas ainda estão mapeando todos os pontos a serem trabalhados, investindo em certificações ou até promovendo ações diretas com colaboradores, a comunidade e o meio ambiente. Em contrapartida, do total de entrevistados, apenas 4% afirmaram não ter qualquer engajamento ESG, cumprindo só o que é exigido pela legislação.
Dados como estes mostram a preocupação das empresas em ter o conceito presente, mas, um fator principal para alcançar as metas, é saber como o ESG pode ser aplicado na rotina corporativa.
Como o ESG pode ser implementado na prática
Para fazer com que o ESG esteja presente em uma empresa, é preciso que haja uma governança corporativa que integre os seus pilares. Estes estão relacionados aos fatores ambientais, sociais e empresariais. Confira alguns exemplos práticos de cada um deles:
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Environmental / Ambiental
No fator ambiental, estão envolvidos tudo o que diz respeito ao meio ambiente e utilização de recursos naturais, sustentabilidade e até ações para mitigar os impactos das mudanças climáticas.
As empresas podem atender a esse pilar reduzindo seu impacto por meio da:
- implementação da eficiência energética;
- redução das emissões de gases de efeito estufa;
- adoção de uma gestão dos resíduos líquidos e sólidos;
- elaboração de políticas de proteção ao meio ambiente;
- aplicação de estratégias de reaproveitamento de recursos finitos, como o reúso de água.
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S – Social
Neste pilar, cabe o que a empresa realiza em prol das pessoas, dos colaboradores e comunidades locais, incluindo as questões de segurança e saúde. Quando se pensa em “Social” também deve-se levar em conta a diversidade, os direitos humanos, a proteção do consumidor e o bem-estar animal.
Alguns exemplos são:
- pagamento justo a fornecedores e colaboradores;
- recusa ao trabalho infantil e ao trabalho escravo;
- políticas e processos para segurança do trabalho;
- cuidados com o bem estar físico e mental das equipes;
- inclusão da diversidade cultural no quadro de contratações.
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G - Governance / Governança
A governança se refere à conduta que a empresa adota, cabendo rever pontos ligados à remuneração da administração, à ética e à transparência para com colaboradores, fornecedores e clientes.
Neste caso, entram as regras e princípios que definem direitos, responsabilidades e expectativas entre as partes envolvidas no comando direto das empresas.
Dentre o que deve ser avaliado no pilar de governança, está:
- a independência do conselho;
- as políticas de relação com trabalhadores;
- a implantação de ações de anticorrupção;
- a compensação justa dos executivos.
4 vantagens em aplicar o ESG nas estratégias da sua empresa
Que o investimento em ESG é uma realidade para organizações que pretendem ser competitivas e acompanharem o movimento do mercado já é sabido. No entanto, muitas ainda têm dúvidas de quais são as vantagens reais de investir no conceito. Pensando nisso, listamos 4 delas:
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Melhora na imagem da empresa
O consumidor atual tem dado preferência às marcas que não agridem o meio ambiente, não realizam testes que prejudiquem os animais e colaborem com a comunidade. Isso vai de encontro direto ao ESG, impactando na imagem positiva e gerando mais lucratividade.
Uma pesquisa da McKinsey mostrou que os consumidores estão dispostos a pagar mais para comprar de empresas sustentáveis. Mais de 70% dos participantes responderam que desembolsariam 5% a mais por um produto verde caso atendesse aos mesmos padrões de qualidade de uma alternativa não verde.
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Aumento na confiança dos investidores
Investidores têm deixado de olhar somente para indicadores econômicos e passam a avaliar a empresa como um todo antes de realizar o investimento.
De acordo com 325 investidores em todo o mundo, as questões ESG estão ganhando mais força. Foi isso o que apontou a última Pesquisa Global da PwC - PricewaterhouseCoopers.
No levantamento, 79% dos entrevistados disseram considerar os riscos e as oportunidades ESG um fator importante na decisão de investimento.
No entanto, as organizações estão cada vez mais cientes do fato. A 17ª carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de valores (ISE B3), apontou que o número de empresas brasileiras com a agenda ESG passou de 40 para 46 em um ano. Além disso, a quantidade de segmentos saltou de 15 para 27. Isso significa que há um movimento crescente, do qual os negócios devem participar para continuarem competitivos.
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Mitigação de possíveis riscos socioambientais
De acordo com a Lei dos Crimes Ambientais - Lei Nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 - provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras pode resultar em detenção de um a três anos ou multa. Ainda, em casos mais graves, ambas as punições são aplicadas cumulativamente.
Como o ESG incorpora no pilar ambiental questões ligadas à otimização e uso consciente de recursos, além da gestão adequada de resíduos, as empresas ganham com o atendimento a essa lei e a outras normas vigentes, evitando as penalidades previstas e garantindo pleno funcionamento da companhia.
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Atração e retenção de talentos
Ter uma agenda de ESG influência na atração e retenção de profissionais. Isso porque, entre outras razões, essa prática gera uma relação de confiança, além de impactar positivamente no clima organizacional.
A Robert Half, líder mundial em soluções em talentos, realizou uma pesquisa sobre o assunto com 1161 profissionais, constatando que 71% acreditam que as empresas já perceberam que o ESG pode ser um fator de competitividade neste quesito.
Os próximos passos do ESG no Brasil
A fim de obter todas as vantagens proporcionadas pelo ESG, as empresas devem, sobretudo, entender que o conceito vai continuar muito presente no universo corporativo, além de evoluir em suas temáticas.
Para os próximos meses, alguns assuntos que devem ficar em alta são:
- Justiça climática: junto à temática do clima, devem surgir discussões sobre as nações que mais causam danos ambientais como o efeito estufa, e quais são “prejudicadas” por estas ações;
- Saúde mental: dentro do pilar social do ESG, a saúde mental e o bem-estar dos colaboradores estarão em pauta. Nesse sentido, vale ressaltar que a Síndrome de Burnout, por exemplo, foi classificada como um fenômeno ligado ao trabalho. Ou seja, envolvendo também as responsabilidades das empresas;
- Inteligência de dados: o denominado ESG Intelligence também será um tema cada vez mais recorrente, apontando a demanda de gestores por dados ESG que auxiliem na tomada de decisões estratégicas;
- Descarbonização: segundo o acordo de Paris e a COP 26, muitas organizações assumiram compromissos relacionados à minimização na emissão de gases de efeito estufa. Por esse motivo, muitas oportunidades ligadas a este tema devem surgir no pilar “Ambiental” do ESG;
- Metas ESG das empresas: para evitar que ocorra o greenwashing, espera-se que os negócios detalhem as estratégias para atingir suas metas ambientais, contendo responsáveis, ações e objetivos intermediários.
A adoção do ESG está mudando de forma irreversível o universo empresarial e financeiro. Por esse motivo, é importante que os negócios estejam preparados para atuar numa economia sustentável.
Empresas que estiverem atentas às estratégias consideradas efetivas pelo mercado, só tendem a ganhar institucionalmente e economicamente.