ESG: o que compõe o conjunto de práticas ambientais, sociais e de governança das empresas

Sustentabilidade ESG

17 de Junho de 2021

Hoje, além de pensar em indicadores financeiros e lucratividade, as empresas que querem crescer de forma consistente e se destacar em seu ramo de atuação, precisam priorizar práticas consideradas positivas pelo mercado, clientes e sociedade. 

Entre elas estão as ações baseadas na sustentabilidade ambiental e econômica, na ética e no quanto a organização contribui para as comunidades locais, as quais inclusive devem ser consideradas como parte das estratégias das organizações. 

Nesse contexto, uma métrica que auxilia a nortear esses fatores é o ESG. Esta sigla vem do termo em inglês, Environmental, Social and Governance, ou, em português, Ambiental, Social e Governança. 

De modo geral, o ESG é o conjunto de práticas que integram questões ambientais, sociais e de governança como critérios de análise, indo além dos tradicionais indicadores econômicos, permitindo uma avaliação mais global dos negócios. 

Como foi criado e qual o propósito do ESG?

Embora tenha ganhado força recentemente, o conceito ESG surgiu há mais de 15 anos, em uma publicação do Pacto Global em parceria com o Banco Mundial, chamada Who Cares Wins. Seu início se deu a partir de um incitamento do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, a 50 CEOs de grandes instituições financeiras, a respeito de como integrar fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais.

Na mesma época, a Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), lançou o relatório Freshfield, que mostrava a importância da integração de fatores ESG para avaliação financeira. 

A compreensão e a aplicabilidade de práticas ESG pelas companhias brasileiras é, cada vez mais, uma realidade. Isso porque atuar conforme o modelo amplia a competitividade organizacional, seja no mercado interno ou no exterior.

Ações pautadas nos pilares ambiental, social e governança também estão diretamente ligadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que buscam assegurar os direitos humanos, acabar com a pobreza, lutar contra a desigualdade e a injustiça, alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento feminino, agir contra as mudanças climáticas, bem como enfrentar outros grandes desafios de nossos tempos. 

Os pilares que compõem o ESG

Analisar os fatores que compõem o ESG é essencial para a tomada de decisão das empresas em relação à redução de riscos e respostas às demandas da sociedade e meio ambiente. Para que se possa fazer este estudo interno, é importante compreender os pilares que o compõem. São eles:

  • ESG-ambiental

    E - Environmental / Ambiental

O pilar ambiental se refere a pontos como crise climática e sustentabilidade. Na prática, é relacionado ao comportamento da empresa em relação aos problemas ambientais, à exemplo os resíduos, o potencial poluidor e esgotamento de recursos. O objetivo é promover ações que visam não somente diminuir o impacto na natureza, mas também reverter os danos que já foram feitos. Podem ser analisados, por exemplo:

- O uso de recursos naturais;

- A eficiência energética;

- As emissões de gases de efeito estufa;

- A gestão dos resíduos sólidos e efluentes;

- A logística reversa; entre outros.

As organizações que contam com projetos ambientais, como reflorestamento de áreas degradadas, diminuição da produção de rejeitos e até mesmo o reúso de materiais passíveis de serem reaproveitados, por exemplo, ganham destaque entre as outras.

  • ESG-social

    S - Social

O aspecto social está relacionado às práticas que a empresa realiza em prol das pessoas, dos colaboradores e comunidades locais, incluindo as questões de segurança e saúde. Entre as preocupações sociais devem ser levados em conta a diversidade, os direitos humanos, a proteção do consumidor e o bem-estar animal. São exemplos de práticas sociais:

- O pagamento justo a fornecedores e colaboradores;

- A recusa ao trabalho infantil e ao trabalho escravo;

- O respeito e inclusão da diversidade cultural na equipe;

- A participação na comunidade local; entre outros.

Dentro do cenário da discussão atual sobre o uso de dados pessoais, o que foi impulsionado no Brasil pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), ainda são considerados como fatores sociais do ESG a proteção das informações e a privacidade de cada indivíduo.

  • ESG-governanca

    G - Governance / Governança

Quando falamos de governança, os pontos de destaque referem-se ao gerenciamento das estruturas da organização, relação com trabalhadores, ações de anticorrupção, compensação de executivos e a restituição de funcionários. Em resumo, nesse pilar cabe um conjunto de regras e princípios que definem direitos, responsabilidades e expectativas entre as diferentes partes interessadas na governança de empresas.

Entre os processos a serem analisados estão:

- Inclusão dentro da gestão;

- A independência do conselho;

- A remuneração da administração;

- A ética e a transparência;

- Uma estrutura empresarial adequada.

Apesar de serem divididos em três, todos os pilares estão diretamente ligados exigindo que as empresas pensem como um todo, focando no ambiental, no social e na governança para serem reconhecidas como uma organização que segue os princípios do ESG.

Por que incorporar os critérios ESG nas empresas?

Adotar práticas sustentáveis vai de encontro a uma nova sociedade, a qual valoriza, além da qualidade de produtos e serviços, por exemplo, as condutas responsáveis em prol do meio ambiente e da coletividade. 

As organizações que não adequarem seus processos ao ESG certamente terão perdas significativas, principalmente em quesitos econômicos. Segundo um relatório da KPMG com 212 líderes mundiais, quase 70% deles reconhecem que o ESG é essencial para os negócios como uma proposição de valor. 

Isso significa que, além de não oferecer risco competitivo no mercado, empresas que não reverem suas práticas podem não apenas perder os investidores atuais, como também não ter novos investimentos por longos períodos.

Por outro lado, entre os principais benefícios do ESG no que tange os resultados das empresas que o adotam estão o crescimento no mercado, a redução de custos, a minimização de intervenções regulatórias e legais, a produtividade de funcionários e a otimização de investimentos e ativos.

A satisfação de clientes e parceiros também é uma notória vantagem.  87% da população brasileira prefere comprar produtos e serviços de empresas sustentáveis e 70% dos entrevistados disse que não se importa em pagar um pouco mais por isso. 

ESG no Brasil: o quanto o conceito impacta nos negócios

Além dos ganhos citados, a adoção do ESG também se torna uma questão de estar atualizado com as novas práticas do mercado brasileiro.

Um levantamento recente feito pela Amcham com 178 líderes, sendo a maioria c-levels (CEOs, Presidentes, VPs, Sócios e diretores) ou gestores executivos de companhias e startups em operação no Brasil, destacou que 95% dos entrevistados informou já ter iniciado algum nível de engajamento e ações sustentáveis em suas companhias, sendo que 68% já reconhece benefícios diretos dessa agenda no negócio. 

Entre essas ações, os entrevistados destacam já ter implementado na organização um conjunto de tecnologias ou metodologias capazes de mitigar impactos ou criar soluções mais sustentáveis.

Essas empresas também têm adicionado formas acessíveis de contato com os colaboradores, compartilhando resultados e planejamentos estratégicos, com mecanismos efetivos de compliance e conduta.

Todos esses indicadores mostram que mais do que uma tendência, ações pautadas no ESG já são uma realidade em grande parte das empresas, evidenciando que àquelas organizações que manterem seus processos pautados nas práticas tradicionais, tendem somente a perder.

 

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