O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), órgão das Nações Unidas responsável por produzir informações científicas, estima que as atividades humanas tenham causado cerca de 1,0°C a mais de aquecimento global acima dos níveis pré-industriais.
A queima de combustíveis fósseis para geração de energia, as atividades urbanas, as conversões do uso do solo, a agropecuária, o descarte de resíduos e o desmatamento são práticas humanas que potencializam drasticamente as mudanças climáticas. Devido às graves consequências para o meio ambiente, tornou-se indispensável que aqueles com um impacto potencialmente poluidor adotem uma postura diferente.
Diante deste cenário, a economia linear, modelo baseado em “extrair - utilizar - descartar” deixou de ser uma alternativa eficiente para as atividades industriais, visto que, dessa forma, nos próximos anos os recursos disponíveis no planeta se esgotariam.
Como boa parte das matérias-primas utilizadas nas empresas brasileiras vêm da natureza, as organizações e as próprias instituições estatais se viram obrigadas a pensar em novas formas de consumo, nas quais se pudesse inserir o reaproveitamento na cadeia produtiva, dando origem ao que ficou conhecido como “economia circular”.
As diferenças entre a economia linear e a economia circular
Antes de iniciar o planejamento de novas estratégias para os negócios que estejam mais alinhadas às limitações do meio ambiente, é necessário primeiro entender de fato como esses conceitos se diferenciam.
A economia linear é uma forma de atuação baseada na extração crescente de recursos naturais, em que os produtos feitos a partir dessas matérias-primas são utilizados até serem descartados como resíduos, sem nenhuma iniciativa de reaproveitamento.
Como, dessa forma, os limites ambientais certamente seriam atingidos ao longo dos anos, houve um aperfeiçoamento do sistema econômico, visando um novo relacionamento com os recursos naturais e sua utilização pela sociedade.
Assim surge a economia circular, que traz uma proposta de adição e retenção de valor na busca por alinhar a produtividade ao consumo, sem esgotar as matérias-primas e sem poluir a natureza. Esse modelo é pautado, basicamente, em repensar o modo de produzir e comercializar produtos, garantindo o uso e a recuperação inteligente dos recursos.
Quais os impactos da economia linear e da economia circular?
Tanto a economia linear quanto a circular trarão consequências não só para o meio ambiente, mas também para o próprio negócio; a diferença é que um modelo pode resultar em impactos mais vantajosos do que o outro.
Na economia linear, entram:
- A limitação de recursos naturais
Com o aumento da população e os limites do planeta, a incerteza sobre a disponibilidade de recursos para a manutenção do sistema é cada vez mais crescente. Ou seja, adotar um modelo como esse pode, em determinado momento, resultar na escassez de matérias-primas.
- A redução da vida útil de resíduos
Muito do que é utilizado em processos produtivos é passível de reaproveitamento. Como exemplo, podemos citar a compostagem, técnica que visa transformar resíduos orgânicos em fertilizantes; e o reúso de água, no qual, por meio de sistemas próprios, pode-se reutilizar mais de 80% do efluente gerado na produção em água limpa e própria para reúso.
Quando a empresa não tem práticas de reciclagem inseridas na sua cultura, efluentes e resíduos acabam sendo costumeiramente destinados a aterros sanitários que não integram nenhuma iniciativa de reaproveitamento.
- Caminho inverso ao desenvolvimento sustentável
O desenvolvimento sustentável surgiu por meio de objetivos estabelecidos pelas Nações Unidas para atender à Agenda 2030, sendo pautado em suprir as necessidades da sociedade atual, sem comprometer a capacidade de atender às gerações futuras.
Como numa economia linear maximiza-se o ganho econômico sem atentar-se ao impacto ambiental que a atividade causa, as organizações entram no caminho inverso ao conceito de desenvolvimento sustentável.
- A perda de credibilidade no mercado
Com processos que não englobam um cuidado com a natureza, a empresa pode reduzir a relevância da sua marca perante a consumidores que evitam práticas insustentáveis.
Quando todos esses efeitos negativos da economia linear forem perceptíveis, o alcance de novos investimentos também será comprometido, visto que, atualmente, boa parte dos investidores passam a olhar para esse fator antes de fechar negócios.
Agora, considerando a economia circular, tem-se muito mais vantagens do que no modelo linear. Ao adotar esse ciclo, as empresas podem ter:
- Redução de custos
Por esse modelo econômico incorporar o aproveitamento dos materiais de forma cíclica, as empresas têm uma redução de custos que seriam direcionados à aquisição de novos recursos naturais.
- Atendimento à legislação vigente
A PNRS (Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010) trouxe uma série de inovações para os resíduos sólidos, sendo responsável, inclusive, por integrar ações que incentivem o conceito de economia circular.
As empresas que tiverem um modelo cíclico implantado atenderão a essa norma, que é a principal referência para gestão de resíduos sólidos.
- Ganhos de imagem
Um estudo realizado pela Cargill revelou que 74% dos consumidores brasileiros estão mais propensos a comprar produtos sustentáveis.
A economia circular está diretamente ligada a esse fator, e as organizações que apostam no conceito podem utilizar de suas estratégias para obter ganhos de imagem perante o mercado.
Segundo a CNI — Confederação Nacional da Indústria —, sete em cada dez empresas brasileiras desenvolvem alguma iniciativa de economia circular, e isso não é para menos.
Contrário ao modelo linear, adotar o ciclo que engloba o reaproveitamento traz ganhos vantajosos para empresa, além de contribuir diretamente para o desenvolvimento sustentável.
Como o tratamento de águas e efluentes colabora com a economia circular na sua empresa?
A economia circular pode ser colocada em prática por meio de diversas ações, como com a logística reversa, adoção da reciclagem e até com o tratamento de efluentes. Nesse caso, a empresa torna presente o conceito por meio do reúso de água, que pode ser implementado junto ao tratamento de efluentes na modalidade OnSite.
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A modalidade OnSite consiste em contar com um parceiro para projetar, implantar e/ou operar uma ETE na planta da empresa. Assim, a contratada também pode integrar soluções de reúso, nas quais o efluente tratado passa por processos de purificação até atender aos parâmetros de qualidade estabelecidos pela legislação para tornar o recurso útil para aplicação em outras finalidades industriais.
Um exemplo de técnica de reúso é a osmose reversa. A alternativa entra como um processo terciário, sendo uma espécie de filtração que utiliza membranas com pequenos poros para passar a água pura e rejeitar as moléculas de sais.
Um sistema como esse é capaz de potencialmente transformar mais de 80% do efluente em água limpa e qualificada para reaplicação.
Com mais de 30 anos de experiência em projetos ambientais, o Grupo Opersan atua oferecendo soluções como essas às empresas de diversos segmentos.
Para saber como levar o reúso ao seu negócio, entre em contato com nossos especialistas.