O Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho, é um momento crucial para refletir sobre o estado atual do planeta e a urgência de ações efetivas. Isso porque, observa-se um aumento significativo de eventos climáticos extremos, como secas prolongadas, inundações devastadoras e temperaturas muito acima da média histórica, os quais não se tratam de acontecimentos isolados, mas sim de um padrão crescente que evidencia a vulnerabilidade dos ecossistemas.
Segundo dados da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação, desde 2000, o número e a duração das secas aumentaram em 29%, sendo que sem uma ação urgente, esses eventos podem afetar mais de três quartos da população mundial até 2050.
Além disso, a Organização das Nações Unidas (ONU) destaca que a humanidade enfrenta uma tripla crise planetária: mudanças climáticas, crise da natureza e perda de biodiversidade, além de outros fatores paralelos e recorrentes ligados a poluição, geração e destinação de resíduos, que ameaçam a estabilidade ambiental e a saúde humana em escala global.
Entretanto, em meio a esses desafios, há também sinais de esperança e oportunidades para mudança. Ainda de acordo com a ONU, restaurar apenas 15% das terras degradadas e interromper novas conversões poderia evitar até 60% das extinções de espécies ameaçadas. Justamente por isso, a preservação e ressignificação dos solos é uma das principais pautas para a data neste ano.
Dia Mundial do Meio Ambiente: o papel da Geração Restauração para a preservação do futuro
Com o tema "Restauração de Terras, Desertificação e Resiliência à Seca" selecionado pela ONU para o Dia Mundial do Meio Ambiente 2024 e organizado pelo Reino da Arábia Saudita, surge a campanha #GeraçãoRestauração, cujo objetivo é promover um movimento global de pessoas e organizações comprometidas com a restauração do planeta.
A organização propõe que, embora não possamos voltar no tempo, podemos cultivar florestas, tornar nossas cidades mais verdes, colher água da chuva e consumir alimentos que respeitem o solo, afinal, a geração atual é a que pode reconciliar-se com a terra.
A temática também foi escolhida para nos lembrar que a terra sustenta a vida, afinal, solos agrícolas, florestas, pastagens, savanas, turfeiras e até montanhas fornecem à humanidade os bens e serviços que tornam a civilização possível. Inclusive, quando olhamos para o suprimento alimentar, essa preocupação se torna ainda mais relevante, já que estimativas apontam que se a degradação dos solos não for controlada, poderá reduzir a produtividade alimentar mundial em 12%, fazendo com que os preços dos alimentos subam 30% até 2040.
Hoje, a nível mundial, pelo menos 2 milhões de pessoas dependem do setor agrícola para a sua subsistência, particularmente as populações rurais. No entanto, os atuais sistemas alimentares são insustentáveis, configurando um dos principais motores para frearmos a deterioração da terra.
Nesse cenário de mudanças e novas iniciativas, a ONU já traz como exemplo eficiente a transformação de áreas desérticas em espaços férteis, como tem sido feito na Mauritânia, onde as comunidades colaboram estreitamente para tornar suas terras produtivas utilizando uma técnica tradicional chamada "meia-lua", que reduz o escoamento da água e captura a pouca chuva que cai dentro dessas estruturas semicirculares, aumentando a infiltração de água no solo e melhorando a produção de alimentos e forragem.
recuperação de áreas desérticas na Mauritânia - Dia mundial do meio ambiente 2024
Além do solo: 3 maneiras de como a sociedade também pode revitalizar fontes de água
Uma terra, de qualquer tipo que seja, não se torna fértil se não houver fontes de água para mantê-la rica e, por isso, revitalizar os canais aquáticos é mais um ponto fundamental para a sustentabilidade ambiental e a restauração dos ecossistemas.
Há ainda mais possibilidades para revertermos o cenário atual e alcançarmos um equilíbrio entre solo, água e ar, como:
1. A restauração de ecossistemas de água doce
Indicado pelo guia da ONU, a restauração dos ecossistemas de água doce pode ser alcançada por meio de ações coordenadas por governos, empresas, cidades e indivíduos:
- Governos podem adotar planos integrados de gestão de recursos hídricos que considerem todo o ciclo da água, desde a fonte até a distribuição, uso, tratamento, reciclagem e devolução ao meio ambiente.
- Por outro lado, as empresas têm a oportunidade de investir na captação de água da chuva e em práticas inteligentes de irrigação, além de promover o reúso da água em suas operações.
- As cidades podem inovar na gestão de águas residuais, aumentando a reutilização da água para a indústria e agricultura, o que contribui para a sustentabilidade hídrica.
- Já os indivíduos e organizações locais podem fazer a diferença cultivando vegetação ao redor de rios e participando de iniciativas comunitárias para proteger os corpos de água locais.
2. O reflorestamento de desertos e áreas desmatadas
O reflorestamento de desertos e áreas desmatadas é mais um dos pontos discutidos pela campanha #GeraçãoRestauração da ONU, que aborda o combate à desertificação e sua ligação com a restauração dos canais aquáticos. Isso porque, as áreas reflorestadas atuam como filtros naturais, capturando e absorvendo poluentes antes que eles alcancem os corpos d'água. Sem contar que as raízes das árvores ajudam a estabilizar o solo nas margens dos rios e córregos, reduzindo a erosão - fator fundamental para manter a integridade do canal aquático e prevenir a sedimentação excessiva.
As iniciativas comunitárias são fundamentais e já temos ações comprovadas que geram resultados. Em Camarões, por exemplo, comunidades locais estão liderando esforços significativos para revitalizar florestas que foram degradadas por décadas de desmatamento e práticas agrícolas insustentáveis.
Um outro exemplo é o maior projeto de reflorestamento dos últimos seis anos realizado no estado de São Paulo, concluído em maio de 2021, que promoveu o plantio de 832 mil mudas de 290 espécies da Mata Atlântica numa área de 430,1 mil hectares, que teve como objetivo recompor as árvores cortadas para a construção da rodovia Nova Tamoio, que liga um dos principais pólos industriais da região metropolitana ao litoral do estado. O Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA) e o Fundo Global para o Ambiente (GEF) também estão com projetos que promovem a restauração dessas áreas através do replantio de vegetação nativa e da adoção de novas iniciativas agrícolas, além do treinamento de mulheres em técnicas de gestão sustentável da terra, permitindo que elas se tornem guardiãs eficazes das florestas.
3. O tratamento de águas e efluentes
Por fim, o tratamento de águas e efluentes igualmente se mostra como uma estratégia vital para a revitalização das fontes de água, já que este processo remove poluentes e agentes patogênicos, permitindo o reuso da água para diversas aplicações, incluindo fins urbanos, agrícolas, industriais e ambientais.
Além de melhorar a qualidade da água e proteger a vida aquática, o tratamento de efluentes ainda tem papel importante na prevenção de doenças e na garantia da saúde pública, se consolidando como uma prática de valor para a revitalização das fontes aquáticas.
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Dado o cenário atual, a importância de iniciativas sustentáveis não pode ser subestimada, onde os impactos ambientais afetam diretamente a qualidade de vida e a sobrevivência de inúmeras espécies. As organizações privadas e governamentais, assim como toda a sociedade, têm o dever de prestar atenção ao impacto que causam na natureza e de adotar práticas que os minimizem. Por isso, investir em soluções como o tratamento de efluentes, são passos essenciais para a construção de um futuro mais sustentável.
Diante disso, o Dia Mundial do Meio Ambiente serve como um poderoso incentivo para que a #GeraçãoRestauração implemente ações positivas e transformadoras. Ao promover e participar de iniciativas sustentáveis, todos podemos contribuir para a preservação dos recursos naturais e assegurar um ambiente saudável para as futuras gerações. Vamos fazer a nossa parte nessa missão?