Os processos produtivos e operacionais das indústrias geram efluentes que podem conter características variadas e, se armazenados de forma indevida, esses resíduos líquidos são capazes de gerar acidentes, paralisações nas operações e até poluir a água e o solo devido às suas diferentes composições químicas, físicas e biológicas.
É necessário que os efluentes sejam analisados para definição de suas composições e também quantificados antes de seu tratamento ou disposição final. Caso não possam ser tratados de forma convencional dentro da indústria, esses resíduos devem ser transportados para empresas especializadas em tratamento. Porém, antes disso, é preciso armazená-los adequadamente.
Escolher o local ideal de armazenamento é determinante para a gestão correta e controlada dos efluentes. Sendo assim, é necessário avaliar com austeridade todos os pontos para não haver erros e nem danos ao meio ambiente.
Normas Brasileiras Técnicas a serem consideradas no armazenamento de efluentes
Para orientar sobre os métodos corretos nessa prática, as normas ABNT NBR 12.235: 1992 (para resíduos classe I) e ABNT NBR 11.174: 1990 (para resíduos classe II A e II B); definem que o armazenamento deve ser feito de modo a não alterar a quantidade e qualidade do resíduo, além de orientar sobre as condições adequadas nos aspectos relativos ao isolamento, sinalização, acesso à área, medidas de controle de poluição ambiental, treinamento de pessoal e segurança da instalação.
Dessa forma, para os resíduos classe I perigosos, a Norma ABNT 12.235: 1992 trata como correto o armazenamento em contêineres, tambores, tanques e/ou a granel. Na escolha do local, deve atentar-se que o perigo de contaminação ambiental seja minimizado, a aceitação da instalação pela população seja maximizada, a alteração da ecologia seja evitada ao máximo; e as ações estejam de acordo com o zoneamento da região.
Em seu tópico 4.2, a norma ainda destaca:
4.2 Características dos resíduos
4.2.1 Nenhum resíduo perigoso pode ser armazenado sem análise prévia de suas propriedades físicas e químicas, uma vez que disso depende a sua caracterização como perigoso ou não e o seu armazenamento adequado.
Já no caso dos resíduos classe II, os não perigosos, a Norma ABNT NBR 11.174: 1990 estabelece que na seleção do local devem ser considerados os seguintes fatores: uso do solo, topografia, geologia, recursos hídricos, acesso, área disponível e meteorologia, tendo em vista que os resíduos devem ser armazenados de maneira a não possibilitar a alteração de sua classificação.
Todo esse processo visa proteger a saúde pública e o meio ambiente, já que um armazenamento incorreto pode ocasionar vazamentos que trazem consequências ambientais graves.
Critérios para escolher o local de armazenamento de efluentes
Para escolher a área de armazenamento dos efluentes que vai de encontro às normas legais e que permite alta performance à operação é preciso levar em conta alguns requisitos. Veja quais são eles:
- Tipo de efluente considerando que características como inflamabilidade, corrosividade, reatividade e oleosidade requerem diferentes procedimentos que impeçam vazamentos e acidentes;
- Volume gerado para que haja um projeto e implantação de equipamentos eficientes em relação à demanda da empresa por períodos pré estabelecidos;
- Tipo de armazenamento necessário, que inclui caixas de gordura, fossa séptica e sumidouro, tambores, bombonas e contêineres;
- Conformidade com licenciamento ambiental, à exemplo, no Estado de São Paulo o processo é feito junto a CETESB e, dentre as licenças que fazem parte do pacote, cabe também as áreas de armazenamento terem a LO (Licença de Operação); um documento que autoriza o funcionamento do estabelecimento tendo o objetivo de garantir o controle das atividades que possam interferir nas condições do meio ambiente;
- Custo da manutenção, sendo fundamental ter uma periodicidade na manutenção, para que a estação de armazenamento não sofra nenhuma interrupção que possa danificar o processo.
Por que armazenar os efluentes?
O armazenamento correto dos efluentes soluciona questões ambientais, otimiza as operações dentro das empresas e ainda traz ganhos econômicos. Portanto, por incentivo de leis e pela própria conscientização, essa prática deve fazer parte das prioridades das organizações.
Entre os benefícios do armazenamento de efluentes adequado, estão:
- A agilidade do processo de coleta;
- A segurança durante a manipulação;
- O menor custo com o transporte, pois permite coletas de volumes maiores;
- A redução do desperdício (já que muitos resíduos são reaproveitados);
- O atendimento à legislação ambiental.
Modalidades de tratamento OnSite e OffSite
Existem duas opções de tratamento com relação direta na escolha do local de armazenamento de efluentes: OnSite e OffSite. No modelo de tratamento de águas e efluentes OnSite, os resíduos líquidos são acondicionados e tratados dentro da própria empresa em áreas construídas especificamente com essa finalidade.
Já no formato de tratamento de efluentes OffSite, os resíduos líquidos são coletados e transportado para ser tratado em empresas especializadas, que prestam serviços envolvendo todas as etapas necessárias para uma destinação eficaz.
Ambos possuem vantagens, porém para escolher o local de armazenamento de efluentes ideal para cada caso é necessário levar em conta aspectos importantes como, espaço físico, orçamento e mão de obra.
É essencial que os procedimentos sejam realizados de forma técnica, de modo a evitar quaisquer passivos ambientais que gerem sanções e multas elevadas.
Nesse cenário, é importante ressaltar que, mesmo a partir da contratação de prestadoras de serviços, no caso de danos ao meio ambiente, em qualquer etapa, a organização contratante é corresponsável. Portanto, antes de optar por uma solução, o indicado é buscar informações detalhadas sobre a empresa e sua experiência no mercado.